Toyota Prius: Um carro híbrido ótimo para a cidade

A Toyota tem um carro que eu desejo há muitos anos. Rumores de uma possível produção em território nacional existem também há anos, mas continuam apenas sendo rumores. Este carro é o Prius. O carro híbrido mais vendido do planeta.

Prius paraty

O Prius está à venda no Brasil desde 2013 e todas as unidades à venda por aqui vem do Japão. As informações sobre locais de produção são incompletos, contudo, ele não é fabricado nos EUA ou México. Se fosse,seria ótimo para o Brasil e EUA.

Por aqui, Toyota oferece o Prius em toda sua rede de concessionários. Preço sugerido é 114 mil reais, contudo, é possível encontrá-lo por 107 mil reais. 

Prius traseira

Para conhecer o híbrido japonês, saí da Kurumá da Barra da Tijuca, aqui no Rio, numa competição. Duas equipes divididas em dois carros rumo à São Paulo indo pela BR-101. Paramos em Parati para almoço e depois continuamos até Ubatuba para troca de motoristas (dois por carro) para enfim, seguir até São Paulo. Cerca de 500 km de viagem.

Para sair da Barra fomos através de Santa Cruz, seguindo parte do caminho do BRT. Por este caminho exploramos as características que tornam o Prius o melhor carro para o ciclo urbano. O que faz ele ser o melhor na cidade? O fato de ser híbrido. Não é flex, mas sim híbrido.

Para ser híbrido, um carro precisa ter dois motores para colocar ele em movimento. O Prius tem dois motores. Um normal, movido apenas à gasolina e outro elétrico impulsionado por uma bateria que fica logo atrás do banco traseiro. São quatro modos de condução que exploram os dois motores de acordo com a escolha. E eles ainda podem ser mesclados.

Shift lever with modes buttons

O modo EV, faz o carro andar somente com o motor elétrico, usando as baterias. Durante a viagem, vimos que a bateria consegue fazer o carro se mover por alguns poucos quilômetros apenas.

Modo ECO torna o uso do acelerador mais moderado. Este modo privilegia a economia de combustível em todos os aspectos. Até mesmo o ar condicionado sobre alteração de funcionamento neste modo. 

Modo PWR é o modo “esportivo”. Digo assim entre aspas, pois o Prius não tem nenhuma vocação para ser esportivo. Contudo, ele fica mais esperto e este modo pode ser usado para ultrapassagens, por exemplo.

Modo Normal mantém a aceleração linear e não interfere no funcionamento do ar condicionado.

O modo EV pode ser mesclado com o modo PWR e Eco. Ou seja, motor elétrico ajuda na aceleração economizando combustível.

Prius painel

A melhor maneira de tirar proveito do consumo do carro com o motor elétrico é andando com EV e ECO mesclados. Claro, sempre com pé de pluma; sem acelerações repentinas, usando freio motor (modo “B” do câmbio, para explicação, continue lendo), mantendo velocidade constante e com variações suaves de velocidade sempre que possível.

Vale aqui o comentário que o carro qualquer carro é sempre mais econômico quando o motorista tem hábitos similares com os que eu mencionei no parágrafo anterior. Se você não dirigir desta maneira, um carro como o Prius pode ser um grande beberrão, como qualquer outro carro.

Voltando ao motivo do Prius ser o melhor carro para a cidade: Por conta do motor elétrico, a cada sinal que parávamos, a saída era feita utilizando apenas o motor elétrico. Com isto, o motor à gasolina já entrava em operação quando o carro estava perto dos 40 km/h e tinha apenas o trabalho de acelerar um pouco o carro e manter a velocidade. O maior consumo de combustível num carro é quando você o coloca em movimento.

Em Paraty, por conta das ruas de pedras, a velocidade era baixa, o que era perfeito para usar apenas o motor elétrico. O deslocamento usando este motor é realmente impressionante. Não há sequer um barulho. Tivemos a oportunidade de dirigir em um local sem grande movimento e em terreno plano de terra batida também e lá rodamos com o modo EV. A único barulho é o dos pneus em atrito com o chão.

Aliás, este é um assunto interessante. No último ponto de parada de primeiro trecho, para estacionar, usamos apenas o motor elétrico e por conta disto, acabei esquecendo de desligar o carro. Não tinha barulho do motor, logo, pensei, já desligou. Sai, tentei trancar o carro e não consegui. Ele apitou, mas eu não entendia o motivo. Deixei pra lá e fui tirar fotos do carro. Depois de um tempo, o motor à combustão ligou (eu estava sempre à menos de dois metros do carro). Ai que me dei conta que não tinha o desligado por completo. 

Ainda neste assunto, a equipe da Toyota fez questão de alertar quanto aos perigos de andar em modo elétrico. Pedestres não escutam o carro se aproximando quando ele está em modo elétrico, então a atenção ao volante precisa ser redobrada.

Prius modo B

Falando um pouco do modo “B” do câmbio que mencionei rapidamente anteriormente. Você viu a manopla do câmbio na imagem acima deste paragrafo, não viu? Pois bem, ele é um joystick apenas. Muito leve e pequeno. À noite, uma luz projetada a partir do teto dá destaque ao joystick. Ele não é um câmbio, mas comanda o câmbio.

Pra começar, ele não tem a posição “P” dos câmbio automáticos/automatizados. Para acionar o “P”, você precisa pressionar um botão que liga uma luz quando ativo, logo acima do joystick à esquerda.

Para colocar na ré, posição “R”, basta seguir o desenho (à esquerda e acima) e o mesmo para o “D” (à esquerda e abaixo), logo após este movimento o joystick retorna a sua posição de repouso.

A diferença está na posição “B”. Para alguns carros, esta posição é o equivalente ao “L”. Ela serve para usar o freio motor. Para grande declives, colocando nesta posição a bateria é recarregada de maneira mais intensa e o motor é utilizado para segurar o carro, poupando assim o sistema de freio.

O cambio é do tipo CVT, que muitos carros passaram a adotar por explorar melhor o motor e assim conseguir menor consumo de combustível.

Depois de tanta explicação sobre câmbio e motor, vou logo ao mais interessante e minha maior curiosidade. Consumo. Foram cerca de 500 km mesclando trânsito intenso de cidade, subida de serra sinuosa e estrada. O consumo foi quase de um tanque completo de combustível e a média de 18 km/l.

Entre a Kurumá Barra e Paraty, consegui 20 km/l. Média de velocidade para este trecho foi de 57 km/h e para a viagem completa, 61 km/h.

É um belo desempenho, levando em consideração que tinhamos 3 pessoas no carro e ainda bagagem de três pessoas. Talvez o consumo do carro possa melhorar ainda mais usando corretamente os modo EV e ECO mesclados, coisa que não fizemos por ter pouco entendimento da parte técnica do modo híbrido. Em tese seria possível fazer em torno de 25 km/l com o Prius sendo bastante agressivo no uso do EV+ECO e direção consciente. Dicas sobre condição com o Prius podem ser vistas em inglês aqui.

Prius central

A central multimidia é simples. Não tem muitas opções, mas tem duas coisas boas. A primeira é que a porta USB pode ser usada para espetar o seu iPhone que acaba tendo sua bateria carregada e de quebra permite que se escute as músicas nele armazenadas nas fantásticas caixas de som JBL. A segunda é o que você vê na tela (imagem acima). Você pode ver o consumo de combustível e de energia dos últimos 30 minutos.

No topo da imagem acima você vê o painel de instrumentos que tem um bossa interessante. Quando você repousa o dedo sobre os botões emborrachados do volante multifuncional, uma reprodução dos botões aparecem neste painel e eles parecem flutuar sobre os dados apresentados. Ajuda a manter o foco na pista ao invés de desviar o olhar para o volante para ter certeza de estar pressionando o botão correto. 

Vamos agora à pergunta que você quer me fazer. “Bernardo, você compraria um Prius?” Minha resposta: Não. Ele é um carro muito legal, seu consumo é inacreditável e os instrumentos tornam a direção bastante lúdica. A brincadeira é competir com você mesmo pelo menor consumo de combustível.

Parece bom, certo? Então a resposta deveria ser “sim”? O seu principal problema é o alto preço, poucos acessórios e acabamento espartano para um carro na casa dos 100 mil reais.

Não ter retrovisor central antiofuscante é uma falha grave. Plásticos duros nas portas também e os gráficos do painel e da central não estão a altura do seu preço. Se ele custasse entre 70 e 80 mil, eu diria que seria uma boa compra. Será que a compra de um usado é mais interessante? Lembre-se, peças vem do Japão e a garantia é de 3 anos. Custo para trocar a bateria do motor elétrico é de 10 mil reais. Fazer isto fora da garantia seria um gasto inacreditável e não desejado. Por sorte, a chance de você ter que trocá-las são remotas. Estima-se que sua vida útil é de 10 anos.

Mesmo que pareça contraditório com o que eu acabei de escrever, eu adoraria ter um Prius e fazer 20 km/l. Eu só não gostaria de pagar 114 mil por ele. 😉