
Já faz tempo que a Ford anuncia, as vezes parecendo a exaustão, seu mais novo e orgulhoso projeto. O novo EcoSport nasceu do time brasileiro e já foi mostrado em diversos eventos por vários cantos do Brasil e também do mundo.
A tática de mostrar o carro mesmo estando longe de estar pronto e em produção é interessante. Ao invés de causar impacto e surpresa com uma novidade a Ford decidiu mostrar seu SUV compacto antes para o consumidor conhecer o carro e assim fazê-lo esperar pelo lançamento ao invés de comprar um carro da concorrência. Uma boa estratégia, mas arriscada.
Foram vários eventos: Salvador, Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, China e Índia. Tenho acompanhado cada um destes eventos e a cada interação com a equipe da Ford percebo que o sucesso do novo EcoSport está no orgulho de ter um produto brasileiro como um modelo mundial disponível em diversos países. Empenho, entusiasmo e orgulho são palavras simples e sentimentos que são possíveis de ver em cada uma das pessoas que estão envolvidas no projeto, da engenharia ao marketing.

O evento do final de semana retrasado, que você pode ter visto através da cobertura que fiz no Twitter, foi muito divertido e cheio de surpresas. Ao invés de mostrar o carro distante e cheio de restrições, a Ford desta vez convidou a imprensa e fãs do EcoSport e tecnologia para dirigir e experimentar o carro em situações reais de uso.
Desta vez foi possível ver o carro ao sol e num lugar que realmente faz ele ficar ainda mais bonito do que ele já é. Natal tem praias maravilhosas e ruas opostamente atraentes. Nunca vi rodovias tão ruins e com crateras dignas de inspirar um empreendedor para abrir seu negocio de borracharia ou alinhamento e balanceamento. Nem todos os trechos que andei no carro eram assim ruins e se você acha que os buracos atrapalharam, muito pelo contrario, ajudaram muito na avaliação.

Foram cerca de 100 km com direito a alguns poucos metros de offroad. A frota de carros era enorme. Além dos brasileiros, jornalistas do Chile, Argentina e México estavam presentes e para cada carro, 4 pessoas se revezando na direção. Dentre as cores disponíveis que você pode escolher na hora da compra, só não consegui ver as opções perolizadas . Pra mim as cores laranja e as mais escuras são certamente as mais bonitas.

A Titanium é a topo de linha e a Freestyle deve ser a mais produzida e vendida. Creio que estas eram as únicas opções para o test drive. Entre as opções de motor são duas para o mercado brasileiro, ambas flex. Uma 1.6 e outra 2.0. A diferença externa entre um EcoSport com motor 1.6 e outro com 2.0 são duas na verdade. Primeira é um símbolo “2.0” perto do nome do modelo do “Titanium” na tampa traseira, pois somente este modelo tem este tipo de motor. Segunda diferença é que o escapamento da versão 2.0 é aparente. A versão 1.6 tem o escapamento e silencioso escondidos pelo parachoque traseiro e na minha opinião deixam o carro muito mais bonito. A Freestyle em que estava tinha motor 1.6 com cambio manual.
Cambio automático e versão 4WD (ou seria AWD?) devem chegar próximos do salão do automóvel em São Paulo este ano. A Ford surpreende com um carro global nascido no Brasil e vai além colocando o primeiro cambio automático de duas embreagens em um carro acessível.
Voltando ao EcoSport que você pode comprar hoje. Este mês foi produzido o primeiro exemplar destinado ao publico final. A primeiras 2500 unidades são para os consumidores que pagaram 5 mil reais de sinal durante o período de pré-venda que foi um sucesso de vendas. Em apenas algumas horas, cerca de 1500 unidades já tinham interessados pagando o valor do sinal, dias depois todas as unidades já estavam vendidas. Chama a atenção o fato de tanta gente comprar um carro que eles nem viram ao vivo ainda. É muita confiança.
Depois de ver, sentir e dirigir o carro é possível ver que estes confiantes primeiros 2500 compradores serão felizes com seus novos carros. Durante bate papo informal com donos e fãs da geração passada, deu para perceber que o carro evoluiu bastante. A geração passada deixou de ser produzida em Maio de 2012.

Por fora o visual é completamente novo com uma frente imponente que conta com belos LEDs embutidos no conjunto ótico dos faróis. Já na lateral o que mais chama a atenção é a parte próxima a traseira, onde uma pequena janela faz companhia a um pequeno elemento aerodinâmico responsável por parte do grande salto em termos de aerodinâmica que o novo EcoSport deu.
Por fim, ainda na parte externa, a traseira tem o típico porta malas que tem porta que abre pro lado ao invés de pra cima. Assim como na geração anterior o estepe fica do lado de fora. Em fotos tiradas durante o salão de Pequim notou-se que lá era mostrado um EcoSport com capa protetora rígida para o estepe e até mesmo um com teto solar. Este ultimo não é possível dizer se vai chegar aqui no Brasil, mas sobre a capa a Ford ainda está guardando algumas surpresas. A capa não deve ser oferecida como equipamento opcional, mas sim como um acessório que o comprador poderá escolher na concessionária.
Já no interior, se você já entrou num NewFiesta, vai se sentir em casa. O painel e o console central são idênticos ao seu primo de plataforma. Da mesma forma, o Sync, está disponível para todas as versões como item de série.
Abaixo do assento do carona, uma pratica gaveta para guardar pequenos objetos. Não tentei abrir a gaveta sentado do lado do motorista, mas creio que não seja uma tarefa trivial, mas para o carona, é simples. Basta abrir as pernas e puxar a gaveta de plástico cru. Com a gaveta no lugar de onde seria a alavanca para deslocar o assento para frente ou para trás, onde foi parar a alavanca? Do lado mais próximo ao console central.
Nas portas da frente existem porta objetos enormes capazes de transportar garrafas de 1,5 litros e 0,6 l ao mesmo tempo. Muito bom para viagens longas. A única decepção que tive foi com o porta luvas. Ele é muito parecido com o plástico cru e sem acabamento da gaveta, mas parece ser grande demais. Para abrir e ter acesso completo ao volume, o passageiro precisa novamente abrir as pernas e ainda assim o porta luvas bate nas pernas. Durante o test drive o porta luvas ainda insistia em abrir sozinho ao passar por lombadas ou buracos mais pronunciados.

Junto comigo estava @jonnyken, @richardmax e @renefraga. Eles tornaram o test drive ainda mais especial. A Ford preparou um trajeto bem elaborado que contemplou o uso rodoviário, urbano e um pouco de offroad, mesmo que bem light. Todos nós estávamos ali por conta de nossos blogs de tecnologia e antes mesmo de começar pagamos um mico federal. Eu era o único com iPhone no bolso e com o cabo para testar o Sync. Max e Renê eram felizes e evangelistas do Android, mas nenhum deles quis demonstrar a tal superioridade de seus smartphones conectando seus aparelhos através do Bluetooth. Preocupados com o tempo de bateria, fui eu que espetei o iPhone através da porta USB, mas quem conseguia fazer o radio começar a tocar as musicas do meu iPhone? Sem o manual do carro no porta luvas, pedimos ajuda e com um simples toque no botão certo, a música passou a sair pelos alto falantes do carro.

O Sync é idêntico ao do New Fiesta e permite muito mais do que apenas tocar música do seu smartphones através do cabo USB. Ele é capaz de fazer streaming das musicas via bluetooth e também fazer ligações usando o “dente azul”. Apesar de muito pratico o Bluetooth é um comilão de bateria tanto no meu iPhone quanto no Android dos meus amigos de blog, então a dica é espetar o seu smartphone através da porta USB que fica logo abaixo do freio de mão no console central. A posição é estranha, poderia ficar mais a frente, mas não há mal, afinal, estando mais ao centro do carro, permite assim que o passageiro do banco de trás possa espetar seu telefone ali e ainda assim o controlar. Enquanto espetado, além de tocar as musicas, o iPhone também recarrega a sua bateria.
E se tiver mais de uma pessoa querendo colocar seu smartphone ou outro gadget para carregar? Não tem problema, basta usar a tomada de 12v que antigamente era usada para cinzeiro. Normalmente este tipo de coisa fica apenas na frente do carro. Alguns carros tem ainda uma segunda tomada na frente e alguns poucos uma tomada no porta malas para geladeiras automotivas. Bem, o EcoSport não tem nenhuma das duas. Tem uma tomada ainda mais pratica que somente o @jonnyken percebeu. Fica entre o banco traseiro e a porta.
Sugestão para a Ford: na primeira revisão do carro deslocar esta tomada para a porta, assim o smartphone fica seguro dentro da porta sem o cabo e o adaptador atrapalhar na hora de sair ou entrar no carro.
Saindo da tecnologia ligada a Informatica e indo para a tecnologia automotiva, o novo EcoSport é cheio de novidades que faz tempo que eu espero em carros mais acessíveis. Infelizmente o custo é que acaba influenciando a escolha por modelos mais caros para trazer novidades, mas a Ford tem feito o possível para popularizar o uso de tecnologia que seja capaz de diferenciar seus carros no mercado.
O novo EcoSport tem no seu modelo topo de linha uma sopa de letrinhas que mantém feliz e alimentado. TCS (Controle de tração), ESP (controle de estabilidade), ABS, BAS, EBD, hill assist, fora os sensores de chuva, crepuscular, de luminosidade (espelho eletrocromico) e de estacionamento. Sem falar que para complementar a lista de tecnologias que deixam o carro ainda mais seguro, o EcoSport conta com airbags em lugares que você jamais imaginou que um carro nacional um dia teria.

Apesar do novo EcoSport ser um carro muito, mas muito novo, a unidade que nos foi designada para o test drive já tinha 11 mil kilometros rodados. Enquanto nos deslocávamos, ainda que vias de asfalto relativamente liso, barulho era muito evidente e pequenos rangidos de plástico e pequenas folgas eram notáveis. O ruído ao rodar com o carro pode ser por conta do pneu que estava no carro que era para um todo terreno, então a troca por um modelo dedicado ao asfalto pode resolver ou minimizar o ruído. Vale lembrar que meu padrão de comparação é um carro médio premium importado. Segundo os dados da Ford o novo EcoSport é mais silencioso que a concorrência e a geração anterior.

Com o som ligado, que tem o recurso de aumentar o volume a medida que se vai mais rápido, o ruído de rolamento não incomodava. Só notei por conta da retirada do meu telefone do Sync.
Apesar de ter recebido o pedido pelo Twitter para verificar o consumo de combustível, não foi possível fazer um teste decente. O computador de bordo mostrava que o acumulado era 11km/l, mas depois de zerar e andar um trajeto de 15 km em situação mista rodoviário/urbano o computador de bordo indicava apenas 8,5 km/l. Não sei se o carro estava abastecido com etanol ou gasolina. Legal mesmo é o indicador no consumo instantâneo que fica no centro do painel. Falando em consumo, a Ford anunciou que ao tirar o pé do acelerador, o consumo é zero, ou seja, nenhum combustível é injetado os cilindros quando o carro está em deslocamento. É possível ver que isto realmente acontece com o indicador de consumo instantâneo que vai no mínimo da escala só tirar o pé. O indicador de consumo instantâneo é uma barra que mostra em tempo real se você esta com “pé de chumbo” ou velejando com o carro.
Durante o test drive paramos em alguns dos cartões postais da região. Em um deles, paramos para tirar fotos num lugar lindo com o mar de pano de fundo. Após tirar as fotos, uma senhora, acompanhada de dois filhos adolescentes me parou e perguntou sobre as diferenças entre a Freestyle e a topo de linha. Expliquei a diferença com a senhora prestando atenção como eu jamais vi uma mulher prestar atenção quando o assunto é carro. Ela fez ainda algumas perguntas sobre a Freestyle e acabei indicando que ela deveria optar por esta versão. No final ela saiu com um sorriso no rosto e de olho no modelo laranja que estava perto da gente. Acho que vendi o carro pra ela!
Impressões gerais
Eu adorei finalmente poder dirigir o novo EcoSport. Eu nunca tinha dirigido um carro mais alto e confesso que senti uma grande diferença comparado com o carro que estou acostumado a dirigir (i30). Em linhas gerais o carro é muito bom e uma ótima compra, comparando com a concorrência. Quem busca um SUV compacto ou um carro “altinho” vai ficar muito feliz. A recomendação que faço é comprar a versão Freestyle. Acho que é a que vale mais a pena, dado o que ela tem de serie e seu valor.
Gostei
- Tamanho
- Conforto
- Tecnologia
- Volante leve
Achei estranho
Não gostei
- Escapamento aparente na versão topo de linha
Pode melhorar
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